30 de janeiro de 2012

Conversa controlada

Médicos aconselham os portadores de marcapasso a usar telefones celulares com cuidado
ALBERTO LUDWIG
Usar um telefone celular pode não ser totalmente inofensivo. Pelo menos os pacientes que usam marcapasso devem ter cuidados especiais para evitar que as ondas de freqüência eletromagnética emitidas pelo aparelho interfiram no minicomputador implantado no corpo para controlar o ritmo cardíaco. "As ondas eletromagnéticas do celular podem ser captadas pelo cabo-eletrodo, que vai do aparelho ao coração", alerta o engenheiro eletrônico do Instituto do Coração de São Paulo, Sérgio Freitas de Siqueira. 

Roberto Amaral, de 70 anos, usa marcapasso há cinco anos e segue à risca as recomendações. "Tenho celular, mas não uso com freqüência", afirma. Em tese, dizem os cardiologistas, o celular pode provocar arritmias severas nos portadores de marcapasso. No Incor, como nos aviões, o celular é proibido porque pode afetar os aparelhos eletrônicos, principalmente os da unidade de terapia intensiva. 

Desde que o celular começou a se espalhar pelo mundo (leia reportagem sobre mercado de celular na página 114), surgiu o temor de que as emissões eletromagnéticas de baixa freqüência poderiam prejudicar a saúde. Nada ficou comprovado, afirma o engenheiro elétrico José Thomaz Senise, do Instituto Mauá de Tecnologia, que trabalha há 40 anos com emissões eletromagnéticas. O estudo mais recente, realizado na Universidade de Bristol, na Inglaterra, mostrou que as emissões podem, no máximo, penetrar no corpo elevando a temperatura. Mesmo isso deixa de existir quando o aparelho é desligado. Curiosamente, o estudo apontou uma aceleração da atividade cerebral. Depois de falar por mais de meia hora no celular, um grupo de pessoas respondeu mais rápido a testes de percepção do que outro que não passou por essa experiência. 

Nada disso tira a desconfiança do engenheiro eletrônico da Universidade Estadual de Campinas,Vitor Baranauskas. "As pessoas nunca estiveram tão expostas à energia eletromagnética como agora", constata. Na dúvida, Baranauskas não usa celular. 
PRECAUCÕES

Antena 
Levantar sempre para deixar a radiação mais longe do corpo. 

Conversação 
Evitar falar por longos períodos em ambientes pequenos e fechados.
 

Segurança 
Usar o celular do lado oposto do corpo onde foi implantado o marcapasso. Ele deve estar pelo menos 15 centímetros distante do implante.
PRÓ 

"Não há motivo para considerar o uso do celular um perigo." 
José Thomaz Senise, do Instituto Mauá 

CONTRA

"Da forma como foi feito, é mais uma agressão ao organismo." 
Vitor Baranauskas, engenheiro da Unicamp

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